26. NELSON WERNECK SODRÉ E A FÊNIX

NELSON WERNECK SODRÉ E A FÊNIX[1]: RENASCIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO DE UM DOS PILARES DO PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO[2]

 

RESSURGIMENTO E RENOVAÇÃO DO PENSAMENTO DE NELSON WERNECK SODRÉ




 Em recente entrevista[3], o professor e escritor José Paulo Netto reforçou a atualidade do marxismo, afirmando ver “seu renascimento dando os primeiros passos”. Não sou marxista nem especialista neste assunto, mas, nas preparações para o Centenário de Nelson Werneck Sodré (1911-2011), percebi o renascimento de sua contribuição ao pensamento social brasileiro com base no método marxista, como mostro no texto a seguir. Este texto me foi solicitado, no final das celebrações do centenário (2011), pelo Acervo dele na Biblioteca Nacional (BN) para inaugurar a página PENSAMENTO BRASILEIRO NA REDE DA MEMÓRIA VIRTUAL DA BN.

No final da vida de Nelson Werneck Sodré, parecia ter havido um esquecimento de sua obra. A partir do ano dois mil e, sobretudo, ao nos aproximarmos do seu centenário, tive, entretanto, a grande alegria de descobrir que a reflexão sobre sua obra estava sendo renovada no meio acadêmico graças aos esforços de vários estudiosos dela, como demonstra a publicação do Dicionário Crítico Nelson Werneck Sodré[4] As reflexões contidas neste livro tiveram o mérito de abrir novos caminhos de discussão sobre o legado intelectual de Nelson Werneck Sodré. Elas culminaram com a publicação de um valioso dossiê pela editora MARXISMO21 em agosto de 2020, que colocou à disposição do grande público muitos dos trabalhos citados neste meu texto da Memória Virtual da BN. Além disso, estão atualmente em andamento novas edições de seus livros. Considero, portanto, que foi graças à dedicação desses vários estudiosos e a um empenho coletivo de diversas instituições que está ocorrendo esse ressurgimento do precioso aporte intelectual de Nelson Werneck Sodré.  

 

 ADAPTAÇÃO DO TEXTO INAUGURAL DA PÁGINA DO PENSAMENTO BRASILEIRO NA

rEDE DA MEMÓRIA VIRTUAL DA BIBLIOTECA NACIONAL

 

Ao estudarem o Acervo de Nelson Werneck Sodré, na Biblioteca Nacional, os pesquisadores poderão verificar a enorme riqueza e variedade da contribuição deste autor para o pensamento brasileiro. Em suas consultas nesse acervo, poderão descobrir a extensão de seu esforço de pesquisa, documentação e análise da História do Brasil, o rigor de sua metodologia marxista, a maestria e originalidade de seu uso da dialética, do materialismo histórico e de sua aplicação à realidade social brasileira. Consultando sua correspondência, seus mais de 3 mil textos para a imprensa e mais de 60 livros, os pesquisadores poderão constatar a abrangência de sua obra e de sua rede de contatos intelectuais, a profundidade de seus estudos sobre os mais variados aspectos sociais brasileiros, o respeito com que tratava as diferentes contribuições e tendências intelectuais do pensamento nacional e a força de suas sínteses históricas sobre a literatura, a cultura, a vida social, política ou militar do Brasil. Diante de tão exaustivo, denso e global painel sobre nosso país e a posterior multiplicação de pesquisas de caráter mais parcial, os estudiosos do pensamento social brasileiro poderão, talvez, se perguntar como foi possível a construção desse imenso painel e tentar melhor entender a relação desse autor com o processo de formação do pensamento social brasileiro.

Para poder formular e procurar resolver tais questões de forma objetiva e precisa, o pesquisador precisará, antes de tudo, liberar o próprio pensamento dos esquemas de classificação elaborados por alguns meios acadêmicos, os quais procuraram excluir do campo científico Nelson Werneck Sodré e outros pensadores brasileiros, por não corresponderem aos seus próprios critérios e enfoques sobre as ciências sociais. Esses esquemas sobre o pensamento brasileiro foram frutos da institucionalização da pesquisa social brasileira, em busca de consolidação metodológica, de prestígio ou influência e controle da explicação social do país, que se consolidou, no meio universitário, após os anos setenta. Não cabe aqui analisar esse processo e suas consequências para o estudo do pensamento social brasileiro, porém, se quisermos conhecer Nelson Werneck Sodré e melhor avaliar sua contribuição, é necessário romper com essas classificações, que impedem a compreensão do processo de elaboração do pensamento nacional, estabelecendo uma separação artificial entre os períodos “pré-científico” e “científico” da produção intelectual, no Brasil.

De acordo com esse tipo de classificação, o “período científico” das Ciências Sociais brasileiras corresponderia à criação dos cursos superiores, tendo sido acompanhada da importação de professores estrangeiros, da profissionalização e especialização dos estudos e da introdução das técnicas de investigação de campo. Com isso se elimina do campo científico de pesquisa do pensamento social brasileiro qualquer produção intelectual anterior a esse período[5], independentemente da quantidade ou qualidade científica da reflexão de cada pensador e do valor de sua contribuição para a compreensão de nossa realidade social.

Com base nesses critérios, são, por exemplo, descartados autores nacionais da maior relevância, tais como Tobias Barreto, Sílvio Romero, Euclides da Cunha, Alberto Torres, Gilberto Freyre, Caio Prado Jr., Sérgio Buarque de Holanda, Nelson Werneck Sodré, Celso Furtado, Hélio Jaguaribe, Guerreiro Ramos, Álvaro Vieira Pinto, Otto Maria Carpeaux, Afonso Arinos, Josué de Castro, M. Cavalcanti Proença e tantos outros interessantíssimos e originais pensadores brasileiros.

Embora tendo me submetido às regras acadêmicas desse processo de institucionalização das ciências humanas e sociais, tendo feito meus doutorados e pós-doutorados na França e no Brasil, como manda o atual “figurino científico”, não reconheço como verdadeiramente científica essa divisão, considerando-a um obstáculo ideológico a um estudo mais profundo do pensamento social brasileiro, que leve em conta o processo histórico e as particularidades de sua formação[6]. Tendo sido professora de metodologia científica, na França e no Brasil, nos níveis de graduação e pós-graduação, venho batalhando pelo reconhecimento do elevado valor científico da produção de Nelson Werneck Sodré e de outros pensadores de sua geração, independentemente das opções teóricas e metodológicas de cada um.

O fato de eu ter escolhido um enfoque teórico e metodológico diverso do historiador em questão e mais adaptado ao meu campo de estudo não me impediu, porém, de defender, em diferentes ocasiões, o grande valor e a atualidade de sua análise marxista e de sua pesquisa científica. Além de ter sido um profundo conhecedor do marxismo, sendo extremamente criativo em sua aplicação desse método à realidade brasileira, Nelson Werneck Sodré soube formular questões sociais cruciais e elaborar respostas científicas interessantíssimas com base em um incansável e sistemático levantamento de dados. Isto se reflete em sua capacidade de ir até a raiz dos problemas nacionais e de transformar a sua pesquisa num grande instrumento de defesa da nossa cultura, do nosso desenvolvimento e do nosso povo. Nada nos impede de discordar de seu enfoque marxista e de algumas de suas análises e conclusões, o que pode ser até positivo para o debate científico, sem que para isso seja necessário menosprezar o valor científico da sua obra.

Uma vez retirados os antolhos que limitam sobremaneira esse tipo de classificação, pode-se começar a apreciar com mais liberdade a obra de Nelson Werneck Sodré e chegar a reconhecer a vastidão, profundidade e riqueza de sua contribuição. Aos que desejarem melhor entendê-la, bem como a construção do pensamento desse autor, torna-se, então, necessário conhecer sua trajetória pessoal e o contexto no qual viveu e produziu seus trabalhos. Para isso poderão os pesquisadores consultar, na Biblioteca Nacional, seus variados livros de memórias, seu acervo e, em especial, os depoimentos de diversos intelectuais nele reunidos. Poderão descobrir, por exemplo, que, além de suas qualidades humanas e intelectuais excepcionais, Nelson Werneck Sodré teve, desde a infância, uma sólida formação literária. Não apenas ele descendia de uma família que cultivava as letras, como teve, em casa, antes mesmo de entrar para a escola, o contato com os livros e com o mundo da criação intelectual.

Além disso, em decorrência de sua experiência pessoal de vida, conheceu de perto as diferenças sociais. Ao longo de sua formação, ele teve a oportunidade de vivenciar diferentes meios sociais, pois sua função militar e sua atividade política o colocaram em contato direto com a diversidade social brasileira, com distintos movimentos sociais e com uma grande variedade de produções culturais e intelectuais regionais e nacionais. Seu duplo pertencimento de classe[7] e sua integração no Exército e no Partido Comunista Brasileiro lhe proporcionaram excelente formação e a compreensão profunda e crítica da sociedade brasileira.

Essas condições não me parecem, entretanto, suficientes por si só para explicar a produção e a riqueza dos estudos de Nelson Werneck Sodré. No meu entender, elas foram geradas no excepcional momento histórico em que ele viveu, de amplas possibilidades de intercâmbio com outros intelectuais e homens de cultura de sua geração, e por sua excepcional inserção como militar, jornalista, historiador, escritor e pensador, num privilegiado e histórico espaço público de intenso debate no Brasil dos anos 50 e 60 do século XX. Seu enraizamento e participação nesse fértil terreno e na arejada atmosfera intelectual, cultural e política dessa época fizeram com que as excelentes sementes de sua formação humana e intelectual gerassem uma frondosa árvore de suculentos frutos intelectuais.

Minha experiência em outras realidades sociais, o acompanhamento das transformações do mundo e a vivência da intelectualidade de diferentes épocas e países me permitiram comparar essa intelectualidade brasileira com outras e perceber o caráter excepcional desse período. A análise retrospectiva de minha convivência com esses distintos meios intelectuais me permitiu melhor apreciar Nelson Werneck Sodré como um dos principais expoentes dessa geração de pensadores brasileiros que floresceu com a abertura democrática e o desenvolvimento brasileiro, na segunda metade do século passado.

Em vários estudos que tenho feito sobre a sua obra, venho ressaltando o valor dessa geração de intelectuais e o papel particular do ISEB, onde Nelson Werneck Sodré pesquisou e lecionou, para a reflexão a respeito das transformações sociais e culturais brasileiras e sua ligação com os movimentos sociais e a cultura nacional e popular[8]. Nelson Werneck Sodré, em seu livro A Luta pela Cultura[9], delineia o processo de desenvolvimento social e cultural implantado no Brasil, a partir dos anos trinta, e como ele gerou esse excepcional momento histórico.

O ISEB[10] surge relacionado à abertura desse espaço de debate público, no qual os intelectuais passaram a ter um papel político e cultural fundamental. Nelson Werneck Sodré nele desempenhou um papel de destaque como elemento de contato com os representantes nacionalistas do Exército aos quais estava ligado, tendo ficado conhecido, nos meios nacionalistas, como “General do Povo” e “Pai da Nação” por sua contribuição para a reflexão sobre a importância do nacionalismo brasileiro.

A formação intelectual e nacionalista do Exército dera a esta instituição um relevante papel na sociedade, desde as campanhas abolicionistas e republicanas, que adquiram força e invadiram os quartéis.  Elas ganharam ainda maior relevo com a intensificação das lutas nacionalistas pelo Petróleo e pela Amazônia, que conquistaram fervorosos adeptos entre os militares, na segunda metade do século XX. Nelson Werneck Sodré não deixou de ser um grande intelectual por ter sido um militar, como afirmam indevidamente alguns pesquisadores do pensamento social brasileiro, influenciados pelo estereótipo do militar retrógrado e autoritário difundido após o golpe militar de 1964. Ao contrário, sua integração ao Exército lhe possibilitou não apenas excelente formação intelectual, mas também uma inserção política, intelectual e social que muito enriqueceu a sua obra[11].

Imediatamente após a instalação da ditadura, em 31 de março de 1964, o ISEB foi extinto por decreto, tendo sido seus diretores e professores investigados e Nelson Werneck Sodré preso. Posteriormente foi instaurado um inquérito policial-militar (IPM) para apurar as atividades do Instituto, durante o qual Nelson Werneck Sodré deu um extraordinário depoimento em defesa de suas ideias e propostas sobre o desenvolvimento do Brasil e a cultura nacional e popular, que já se tornaram objeto de pesquisa e tese de doutorado[12].

Durante a ditadura, mais de oito mil militares nacionalistas foram sumariamente eliminados das fileiras do Exército, o que iria interromper uma brilhante tradição de reflexão e lutas nacionalistas e populares que tanto enobreceram o Exército e enriqueceram o pensamento social brasileiro, desde o século XIX. Após a vitória da ditadura e do neoliberalismo por ela implantado no Brasil, procurou-se sistematicamente eliminar a obra de Nelson Werneck Sodré e enterrar a contribuição intelectual dessa brilhante geração, que teve seu apogeu no início da segunda metade do século XX.

Durante alguns anos, a transmissão dessa fabulosa experiência intelectual brasileira não pode ser transmitida às novas gerações de estudantes e pesquisadores. Porém, a tentativa de alguns acadêmicos de eliminar a sua obra do campo científico (recusando-se até a citar sua contribuição, em suas bibliografias), acabou por despertar a curiosidade dos estudantes que se perguntavam a razão dessa tentativa de anulação de um autor que alcançara enorme projeção em sua época.  Assim sendo, ‘o feitiço virou contra o feiticeiro’, tendo ocorrido um renascimento do interesse por sua contribuição científica!

Após o falecimento de Nelson Werneck Sodré em janeiro de 1999, a análise de sua obra felizmente vem sendo revitalizada, e alguns trabalhos acadêmicos retomam de forma mais sistemática o estudo de seu pensamento. É o caso da tese de doutorado de André Moysés Gaio[13], em 2000; da coletânea de artigos organizada por Marcos Silva sobre a contribuição de Nelson Werneck Sodré para a historiografia brasileira, em 2001[14]; ou o livro de Paulo Cunha sobre a construção do pensamento marxista de Nelson Werneck Sodré, em 2002[15]. Diferentes aspectos da obra de Nelson Werneck Sodré são, então, retomados: Paulo Cunha, por exemplo, aprofunda a questão militar[16], enquanto Joel Rufino a relação com a história e a literatura[17].

As celebrações de seu centenário deram novo impulso a esse retorno ao estudo de sua obra, abrindo caminho para novas publicações de seus livros e para pesquisas sobre novos ângulos de sua produção, ao longo dos dez anos seguintes[18]. Estamos agora celebrando, em 2021, a ampliação dessas realizações, por ocasião da comemoração do primeiro decênio deste centenário. Assim sendo, o renascimento do interesse pelo pensamento social de Nelson Werneck Sodré e a renovação da reflexão sobre sua obra é uma contundente resposta à dura derrota política e acadêmica sofrida por ele e pelos companheiros de luta dessa geração de intelectuais. Como a Fênix, ave mitológica que renasce das cinzas, o restabelecimento do seu voo intelectual simboliza o renascimento e a renovação da contribuição de um eminente autor brasileiro que soube lidar com a frustração da derrota de seus projetos e transformar essa derrota no potencial de uma nova e enriquecedora caminhada na construção do pensamento social brasileiro.


Conheça a Coleção Nelson Werneck Sodré da Biblioteca Nacional Digital

FONTE DA IMAGEM: Composição de Olga Sodré sobre a imagem de fundo tirada da fonte:

https://www.altoastral.com.br/entretenimento/fenix/

 PARA VER NO FACEBOOK:

https://www.facebook.com/centrodeestudos.brasileiros/posts/3978862188860715



[1] A Fênix é uma ave mítica com o poder de renascer das cinzas, após ser consumida pelo fogo, mito que remete às ideias de ressurreição e imortalidade.

[2] Este texto foi readaptado a partir de um artigo meu  publicado pela Biblioteca Nacional digital, na Página inicial > Dossiês > Rede da Memória Virtual Brasileira > PENSAMENTO BRASILEIRO (2012):

http://bndigital.bn.gov.br/dossies/rede-da-memoria-virtual-brasileira/pensamento-brasileiro/

[3] Entrevista realizada no programa 20MINUTOS ENTREVISTA em 05/05 pelo jornalista Breno Altman: https://operamundi.uol.com.br/20-minutos/69604/renascimento-do-marxismo-esta-dando-primeiros-passos-diz-jose-paulo-netto

 [4] Dicionário Crítico Nelson Werneck Sodré publicado pela Editora da UFRJ, em 2008, e coordenado por Marcos Silva. O livro contém 73 verbetes escritos por variados especialistas que tratam especificamente de cada obra dele, fazendo um exaustivo balanço de sua contribuição.  Marcos Silva e os mais de 80 pesquisadores da área da pós-graduação de várias universidades brasileiras que participaram desta publicação deram, portanto, uma enorme contribuição à preservação da memória de Nelson Werneck Sodré com a organização desse dicionário.

[5] Procurei esboçar o quadro da formação de Nelson Werneck Sodré, no artigo “Paralelo entre dois pilares da Literatura Social Brasileira”, publicado na Revista do Livro da Biblioteca Nacional, 52, Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, março de 2009.

[6] Ao trabalhar no meio científico francês durante muitos anos, pude constatar que o etnocentrismo deformava a visão social dos intelectuais franceses não apenas sobre outras culturas e sociedades, mas também sobre as mudanças sociais nacionais e mundiais. Não quero com isso anular a contribuição teórica que deram para as ciências humanas e sociais, porém destacar, que, ao contrário dessa excepcional geração intelectual brasileira dos anos cinquenta/sessenta, os intelectuais franceses tiveram dificuldade de participar da realidade social na qual viviam e de influir diretamente em suas transformações, como ocorreu com os intelectuais brasileiros desse período.

[7]Sua família era originalmente ligada à camada dos senhores de terra, tendo posteriormente ingressado na classe média. Desse modo, esse historiador pode manter em relação a essas duas classes sociais uma distância crítica, o que contribuiu, sem dúvida, para a acuidade e complexidade de sua visão social.

[8] Minha análise da cultura nacional e popular em Nelson Werneck Sodré está resumida num texto publicado como ensaio, na edição nº 46, de julho de 2011, do jornal Algo a Dizer, com o título: “Enfoque da cultura nacional e a questão da cultura popular”. O endereço eletrônico (Link) para esse texto é:

http://www.algoadizer.com.br/site/exibirEdicao.aspx?MATERIA=651

[9] Nelson Werneck Sodré, A Luta pela Cultura, Editora Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1990.

[10] A sigla ISEB se refere ao célebre Instituto Superior de Estudos Brasileiros, no qual nosso historiador ensinou, pesquisou e produziu sua obra de maturidade, entre 1955 e 1964. Essa instituição de ensino e pesquisa foi criada em 1955 como uma instituição do Ministério da Educação e Cultura, um ano depois do suicídio do Presidente Vargas, pelo seu vice-presidente e sucessor interino, Café Filho.

[11] Nelson Werneck Sodré recebeu uma excelente formação intelectual, no Exército. Além disso, ele aprendeu muito pelo contato que sua função militar possibilitava com as diferentes realidades sociais brasileiras. Tendo pesquisado a História Militar brasileira, ele explica a posição subalterna do ensino militar em relação ao ensino jurídico e técnico e a relação disto com a condição da classe média e a falta de força política do Exército. Ele mostra, contudo, que, em sua época, este já tem um espírito de classe e uma forte tendência nacionalista, exercendo um relevante papel na sociedade.

[12] Reflito sobre este tema em meu texto “O ISEB, Nelson Werneck Sodré e a cultura nacional”, publicado no site do centenário de Nelson Werneck Sodré: www.nws.itu.com.br.

 [13] André Moysés Gaio, “Por uma teoria da independência: história e revolução em Nelson Werneck Sodré” (Tese de Doutorado), São Paulo: PUC, 2000.

[14] Marcos Silva, Nelson Werneck Sodré na historiografia brasileira. Bauru/São Paulo: EDUSC/FAPESP, 2001.

[15] Paulo Ribeiro da Cunha, “Um olhar à esquerda: a utopia tenentista na construção do pensamento marxista de Nelson Werneck Sodré”. Rio de Janeiro: Revan; São Paulo: FAPESP, 2002.

[16] Paulo Ribeiro Cunha e Fátima Cabral, Fátima (org.). Nelson Werneck Sodré: entre o sabre e a pena. São Paulo: UNESP, 2006.

[17] Joel Rufino Dos Santos. Assim foi (se me parece). Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2008.

[18] São exemplos dessa renovação, as novas edições de sua História Militar do Brasil pela Editora Expressão Popular, em 2010 e de sua História da Imprensa no Brasil pela INTERCOM e PUC-RS, em 2011; a coletânea por mim organizada, Desenvolvimento Brasileiro e luta pela Cultura Nacional (publicada pelo IPEA, em 2010, e pela PACO Editorial, em 2019); assim como os dois estudos sobre sua obra lançados em 2011 e apresentados, no encerramento das atividades do centenário do autor, no Teatro Casa Grande do Rio de Janeiro, em novembro de 2011: A República dos manifestos militares – Nelson Werneck Sodré, um intérprete republicano do historiador Lincoln de Abreu Penna ( Editora E-Papers, RJ), e a tese de pós-doutorado da antropóloga Luitgarde de Barros Nelson Werneck Sodré, um perfil intelectual (editado em Maceió/Rio de Janeiro pela EdUFA /EdUERJ).


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