32. A TRADIÇÃO DE LUTA SOCIAL DOS JORNAIS ALTERNATIVOS
A TRADIÇÃO DE LUTA SOCIAL DOS JORNAIS ALTERNATIVOS
CAPA DA PRIMEIRA EDIÇÃO DO JORNAL
MOVIMENTO
(7 DE JULHO DE 1975)
Em 17 de novembro de 2020, Sérgio Buarque de Gusmão escreveu o seguinte
comentário na postagem que fiz do texto de Flávio Aguiar sobre Nelson Werneck
Sodré no FACEBOOK:
“Fui editor de Assuntos Nacionais do jornal Movimento, que tinha NWS
como um de seus mais respeitáveis colaboradores. Tinha por ele admiração
intelectual, por sua obra ciclópica, decisiva em minha formação, como, também,
por livros de inspiração do caráter, a exemplo de Memórias de um escritor – do
qual muito esperei pelo segundo volume. É boa nova essa de que haverá um blogue
para reverenciar sua obra e memória de historiador rigoroso, militar íntegro e
cidadão exemplar. “
O livro que escolhi para ser lançado na comemoração do
centenário de Nelson Werneck Sodré foi justamente “Memórias de um Escritor”. Logo senti,
portanto, que tinha uma conexão literária com Sérgio Buarque de Gusmão. O Centro de Estudos
Brasileiros Nelson Werneck Sodré (CEB-NWS) fez uma edição especial deste livro
para o centenário, em 2011. Na reunião preparatória para um evento organizado
pela Academia Brasileira de Letras em homenagem ao centenário dele, presenteei
cada acadêmico com um exemplar deste livro. Assim sendo, pareceu-me que tinha
tudo a ver convidar Sérgio Buarque de Gusmão para participar do Blogue em
homenagem aos 110 anos do historiador.
Quando pedi a Sérgio Buarque de Gusmão que participasse do
blogue e me enviasse alguns dados sobre ele, para apresentá-lo aos leitores, ele
me respondeu:
“Será uma honra... Além de editor de Assuntos Nacionais do semanário
Movimento, fui editor das revistas Veja e IstoÉ, chefe de redação em São Paulo
de O Globo e Jornal do Brasil, diretor da agência de Notícias do Jornal do
Brasil (AJB) no Rio, editor-executivo de O Estado de S. Paulo e editor da
revista Bonifácio. Sou autor de Nova História da Cabanagem (Amazon, 2016).
Sua resposta me motivou a rever um pouco da
história do jornal Movimento, tendo em vista sua participação
na equipe de jornalistas que o criaram. A história deste jornal reflete um
importante momento da História do Brasil, em que ocorreu um grave
cerceamento da liberdade de expressão. Diante desta situação, esses jornalistas
demonstraram grande dignidade e coragem de enfrentamento e resistência
intelectual.
Como o Brasil vivia em pleno regime de exceção, o
jornal Movimento traz desde sua criação esta marca de resistência e luta
intelectual. O Movimento foi um jornal alternativo sem grandes
recursos para assegurar sua sobrevivência num ambiente absolutamente adverso.
Sua equipe enfrentou com bravura a censura, o bloqueio de publicidade e
até mesmo a violência de atentados e agressões.
Nesse contexto, esse grupo de jornalistas - entre
eles Flávio Aguiar e Sérgio Buarque de Gusmão - conseguiu defender
com destemor e audácia as mais imprescindíveis reivindicações democráticas,
trazendo à tona vários temas que geraram debates enriquecedores. Carlos Alberto
de Azevedo, coordenador de um trabalho de pesquisa sobre o jornal Movimento[2],
considera que ele foi uma das mais extraordinárias criações das
manifestações democráticas e populares brasileiras na luta contra a ditadura
militar, que soube enfrentar a censura da Polícia Federal e a repressão
policial aos periódicos mais combativos.
https://www.facebook.com/centrodeestudos.brasileiros/posts/4192601230820142
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