9. DEPOIMENTO RECENTE DO JOVEM ESTUDANTE DE HISTÓRIA, LUCCAS EDUARDO MALDONADO

 DEPOIMENTO DE UM JOVEM ESTUDANTE DE HISTÓRIA

 

MONIZ BANDEIRA, HISTORIADOR E CIENTISTA POLÍTICO BRASILEIRO
 (Salvador,1935-Heildelberg, 2017)


Luccas Eduardo Maldonado, jovem estudante de História, me autorizou a postar nossa conversa pelo WhatsApp, em setembro de 2020, que relato a seguir: “Olá Olga, desculpa a demora.  Pode colocar. Seria uma honra” respondeu-me, em 20/11/2020.

Essa conversa é importante por retratar o empenho de um jovem estudante de História na elaboração de sua tese de mestrado, e revela a influência do contato com a obra de Nelson Werneck Sodré. Por isso passo a citar alguns trechos dessa conversa. Durante essa troca de mensagens, Luccas me enviou uma foto do autor sobre o qual está escrevendo sua tese de mestrado. Ele esclarece: ”Essa foto é do Moniz Bandeira bem jovem, lançando um livro que tinha o prefácio do seu pai, O Ano Vermelho. Atrás dele do lado esquerdo está Sérgio Magalhães, deputado trabalhista hoje quase esquecido”.

Nossa conversa começou assim: “Olá Olga Sodré, tudo bem com a senhora? Meu nome é Luccas Eduardo Maldonado. Sou mestrando em história na USP. Luís Roberto me passou o seu contato. Estou escrevendo um trabalho sobre um escritor que foi amigo do pai da senhora nos anos 1960 e 1970. Eu poderia fazer umas perguntas se não for atrapalhar, por favor?... Cara Olga, muito obrigado pela abertura. Quando todo esse processo da pandemia passar, gostaria de agradecer a senhora pessoalmente...

Combinamos, então, o levantamento das questões que queria me colocar para o seu trabalho, e ele concluiu: “O método proposto me parece ideal. Fazer as perguntas por escrito e a senhora responder com os áudios do WhatsApp. Depois eu transcrevo as suas respostas para serem validadas. Isso facilitaria muito meu trabalho. Eu poderia ouvir repetidas vezes o áudio.”

Ele sublinha o interesse pela obra de Nelson Werneck Sodré:

Gostaria de declarar a maior admiração pelo seu pai. Nunca o conheci pessoalmente, uma pena. Sou de uma geração bem posterior. Todavia, "conheci" o intelectual Nelson Werneck Sodré por meio de diversos dos seus livros. Lembro quando comecei a estudar no Departamento de História da USP e vi a sala Nelson Werneck Sodré pela primeira vez. Era uma figura distante naquele primeiro momento, apenas o nome de uma sala. Com o tempo a situação mudou, tornou-se um autor comum em minhas leituras. Um mestre que me ajudou a entender um pouco mais do Brasil”.

Explica assim a relação entre o assunto de sua tese e a obra de meu pai:

Escrevo uma dissertação sobre Luiz Alberto Moniz Bandeira, intelectual de esquerda que teve alguma relevância nos anos 1970 e 1980. Gostaria de perguntar se a senhora lembra se houve alguma interação entre eles? Pergunto isso porque Moniz Bandeira repetidamente agradeceu a Sodré em seus livros...Há um livro de Moniz Bandeira, O Ano Vermelho, publicado em 1967, que tem um prefácio do Sodré. Essa obra é um dos primeiros títulos que estudam as origens do PCB do Brasil... Eu li As memorias de um escritor e não há nenhuma referência a Moniz Bandeira.”

Coloca-me ainda outras questões:

Gostaria de saber também um pouco sobre um outro personagem da história da esquerda brasileira por favor, Astrojildo Pereira. Esse livro O Ano Vermelho, de Moniz Bandeira, foi escrito com os livros da biblioteca particular de Astrojildo Pereira. Pereira faleceu em 1965, pouco depois do golpe. Tento mapear onde estava essa biblioteca ao longo do tempo - uma parte aliás chegou a ficar em Itu, comprada pelo historiador Edgard Carone. Falaram-me que Sodré chegou a ficar com a biblioteca de Sodré durante algum tempo. Saberia me dizer se isso aconteceu de fato?

E conclui assim nossa conversa:

“Luís Roberto me deu um exemplar do livro da senhora. Irei ler com carinho nos próximos dias.”

Cara Olga, muito obrigado a senhora. Sou muito grato. Irei escrever as passagens da minha dissertação que eu cito a senhora e te enviar.”

 Fonte da foto: enviada por Luccas Eduardo Maldonado


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